Ser um profissional T-Shaped faz toda a diferença na minha carreira, mas isso eu não aprendi na faculdade.
Quando me formei em Odontologia em 1997, tinha a certeza que quanto mais especialista eu fosse em uma determinada área, mais sucesso eu teria. Assim aprendemos na faculdade e assim comecei a construir a minha “carreira”.
Ocorre que o tempo foi passando e quanto mais me especializava, menos obtinha satisfação profissional. Talvez por que estava cada vez mais concentrado em um nicho de atuação e tinha cada vez menos liberdade para “pensar fora da caixa”. Naquela época eu não sabia, mas hoje entendo perfeitamente que era por essa razão que eu não me realizava profissionalmente.
Viver dentro daquela “bolha” me incomodava muito. Repetir as mesmas coisas todos os dias, a rotina cartesiana e a “zona de conforto” não me deixavam feliz. Além disso, apesar de especialista, não conseguia me destacar como desejava. Isso por que evidentemente, muitos outros colegas, igualmente especialistas, faziam o mesmo que eu.
Foi neste período que comecei a me interessar pela gestão em saúde. Nessa área mais abrangente, mais complexa e ampla, eu tinha mais prazer e satisfação. Percebi nessa época que quanto mais aprendia outras áreas, searas além da odontologia e mais além ainda do nicho em que havia me especializado, mais eu crescia e me destacava dos demais colegas. E então comecei a entender que só se destaca da maioria quem pensa e, sobretudo, quem faz diferente da maioria. E isso não tem nada a ver com formação, títulos ou diplomas, como pensava quando me formei.
Sem perceber, estava me tornando um profissional “T-Shaped”. Continuava sendo um especialista em uma área, com profundo conhecimento e domínio (representado pela barra vertical do “T”), entretanto adquiria cada vez mais um cabedal interessante de conhecimentos e competências de várias outras áreas (representado pela barra horizontal do “T”). Nunca fui especialista em áreas como marketing, design, tecnologia, educação física, segurança do trabalho, gestão de pessoas, inteligência artificial e tantas outras, mas sei do que se trata cada uma e posso dialogar com quem é especialista nelas. E isso fez toda a diferença para ser o profissional que sou e chegar onde cheguei.
Hoje o profissional mais buscado pelo mercado de trabalho é o que tem perfil “T-Shaped”. Esse é o profissional expert em uma determinada área, mas generalista em diversas outras. Isso eu não aprendi na faculdade. Aliás nem poderia ter aprendido. A faculdade forma excelentes técnicos, experts na área de atuação, e só se consegue o conhecimento mais generalista e as competências comportamentais, as soft skills, aqui fora. Mas para isso é preciso querer ser protagonista da própria carreira e ter atitude. Não adianta esperar pelo conselho de classe, pelo governo, pela universidade ou pelos pais. Quem quer fazer diferente, tem que ir lá e fazer acontecer. Nunca na história da humanidade foi tão fácil ter acesso ao conhecimento. Não precisa estar nos bancos da escola ou da universidade, basta um computador, uma rede de internet, atitude e consciência, de saber que o aprendizado pode começar agora, mas não deve terminar nunca.
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