Inovação é um tema que ocupa um espaço cada vez maior no debate sobre o futuro das profissões. Na odontologia, a evolução tecnológica e os novos modelos de negócio estão transformando as práticas clínicas, a gestão e a experiência dos dentistas. No entanto, surpreendentemente, conselhos de classe e associações profissionais têm demonstrado pouco interesse em discutir ou fomentar a inovação na odontologia. Mesmo iniciativas que poderiam enriquecer o debate, como o meu livro sobre o ecossistema de inovação no setor, têm sido recebidas com desinteresse. Mas por quê? Eu tenho algumas teses.
Um dos principais motivos é que muitas dessas organizações tradicionais ainda não desenvolveram uma CULTURA VOLTADA À INOVAÇÃO. Estruturadas sob modelos convencionais, elas priorizam questões operacionais e burocráticas, deixando em segundo plano discussões mais estratégicas e prospectivas sobre futuros. Sem uma visão clara dos benefícios que a inovação e a cultura da colaboração pode trazer para a profissão, os dirigentes acabam ignorando a necessidade de prepararem suas entidades para o futuro (que já é presente).
Outro fator a ser considerado é a FALTA DE PREPARO dos dirigentes para lidar com o tema da inovação. Muitos não compreendem o conceito de inovação, associando-o apenas a tecnologia ou mudanças disruptivas que podem ameaçar o status quo. Essa falta de entendimento gera resistência, reforçando uma postura conservadora que privilegia a zona de conforto em detrimento às transformações necessárias. Nesse cenário, qualquer iniciativa que desafie as práticas tradicionais tende a ser vista com ceticismo ou até mesmo rejeitada.
Além desses fatores, o MEDO DO DESCONHECIDO desempenha um papel significativo. A inovação, por definição, exige lidar com incertezas e renunciar a modelos consolidados. Para muitos, essa ideia é intimidante, especialmente quando não há um senso de urgência para a mudança. Na verdade, muitos se dizem favoráveis à inovação, mas não sabem por onde começar. Como resultado, muitas entidades optam por se afastar dessas discussões, preferindo observar à distância e se envolver apenas quando for inevitável.
Essa atitude conservadora não beneficia o setor. Ignorar a inovação significa perder oportunidades de modernizar a profissão e aumentar a sua competitividade. Para que a odontologia evolua de forma sustentável, é fundamental que os conselhos de classe e associações profissionais se posicionem no ecossistema e assumam uma postura mais proativa e aberta a pelo menos discutir sobre inovação.
As entidades precisam reconhecer que o que funcionou muito bem até outro dia, hoje não funciona mais. O papel delas hoje, na era digital, precisa ir além da fiscalização e representação. Essa mudança de mentalidade exige liderança inovadora, visão estratégica e disposição para sair da zona de conforto. Somente assim será possível criar um ambiente de ambidestria, onde a inovação e tradição caminham lado a lado, beneficiando todo o ecossistema da odontologia.
E você, como enxerga o futuro dos conselhos e associações de classe na odontologia? Vamos debater!
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